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quarta-feira, 30 de maio de 2018

Morte, vida e luta

"A pessoa pode morrer na hora que quiser. Nós precisamos é lutar para viver".
Naoki Hyakuta

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Ser música

"People are obscenities. Would rather be music than be a mass of tubes squeezing semisolids around itself for a few decades before becoming so dribblesome it'll no longer function".
Robert Frobisher [David Mitchell, Cloud Atlas]

Eu me sentiria provavelmente contente em ser Crisantemi, de Puccini...


domingo, 20 de maio de 2018

Venenoso remédio: Monomania econômica

Imagine um médico que prescrevesse o mesmo tratamento para todos os pacientes:

Unha encravada? Antibiótico. Câncer de pele? Antibiótico. Enxaqueca? Antibiótico. Pneumonia? Antibiótico. Hipertensão? Antibiótico. Epilepsia? Antibiótico. Diabetes? Antibiótico. Depressão? Antibiótico. Gastrite? Antibiótico...

Tal profissional seria uma ameaça à vida de seus pacientes e objeto de ridículo perante a comunidade médica. Inconsequente e ineficaz, esse infame maníaco dos antibióticos seria reles charlatão, digno da pena de Molière. Seria conveniente que o conselho de medicina cassasse o registro desse imprudente esculápio.

Ora, um médico sério e consciencioso sabe que convém escolher o tratamento adequado conforme as
circunstâncias, que podem ser muito variadas. Suas prescrições precisam considerar não apenas o diagnóstico do paciente, como também sua faixa etária, massa corporal, histórico médico familiar, interações medicamentosas, estágio de evolução da enfermidade, entre inúmeros outros fatores.

O mesmo tipo de discrição convém a qualquer tipo de profissional, que precisa ser capaz de distinguir as especificidades de cada situação antes de deliberar o curso de sua ação. Infelizmente, em toda categoria profissional costumam existir os "monomaníacos", apegados a determinados métodos que consideram infalíveis e adequados a toda e qualquer circunstância, sem maiores considerações.

No caso específico da economia, encontramos hoje em dia muitos profissionais vitimados por semelhante patologia. É o caso de muitos (não todos, evidentemente) economistas liberais e neoliberais que prescrevem indiscriminadamente um infalível receituário "ortodoxo", verdadeira panaceia capaz de curar todos os males que afligem a economia: máxima desregulamentação em todos os setores, redução drástica das atividades estatais, radical corte de despesas governamentais, privatização generalizada de serviços públicos.

Tais charlatães deixam assim de considerar as especificidades dos "pacientes", e não deveria espantar que muitos morram da cura, como temos visto mundo afora desde a era Pinochet-Thatcher.

Tais "médicos" se esquecem de considerar que cada país tem suas peculiaridades históricas, geográficas, demográficas e culturais. O que funciona no Japão talvez não funcione no Equador e no Zimbábue. Aquilo que é necessário no Brasil talvez não o seja na Suécia ou no Uzbequistão. Algo viável em Madagascar talvez seja impossível no Canadá ou na Nova Zelândia. Da mesma forma, algo que funcionava nos anos 80 talvez não seja desejável hoje.

Também não é incomum que esses economistas desconsiderem grosseiramente as peculiaridades de cada setor de atividade. Não é razoável supor que as condições de operação sejam idênticas em ramos tão variados como indústria automobilística, abastecimento de água, agropecuária, educação, geração de energia, telecomunicações, saúde, indústria farmacêutica, entretenimento, saneamento básico, mineração...

É igualmente comum que tais ideólogos da economia menosprezem diferenças de escala que saltam aos olhos. Aquilo que funciona para o profissional autônomo não é necessariamente a melhor opção para a empresa familiar, para um negócio local ou para a multinacional. É evidente que as dinâmicas operacionais de um consultório médico, de uma mercearia, de uma rede de livrarias ou de uma companhia aérea de porte mundial precisam ser diferenciadas.

Concluindo, como já foi dito, nem todos os economistas liberais ou neoliberais padecem de semelhante "monomania", mas é sempre necessário prestar atenção a seus discursos e examiná-los criticamente, especialmente quando eles se põem a prescrever medidas para a saúde econômica coletiva: afinal de contas, qualquer remédio, quando mal administrado, pode se tornar veneno...


quinta-feira, 17 de maio de 2018

Vote Macunaíma para Presidente


Tedioso mundo humano?

Interessante provocação do filósofo Thales de Oliveira

Há pessoas literárias e outras literais; algumas livres, enquanto outras, apenas libertinas. Existem os verdadeiramente amantes e os que não passam de amadores. Os apaixonados e os passionais. O mundo humano produz uma quantidade exígua das primeiras. Mas é pródigo em nos mostrar ilimitados exemplos das segundas. É por isso que o mundo humano é um pouco entediante.

quarta-feira, 16 de maio de 2018

Lados

O lado bom das redes sociais é que qualquer pessoa pode manifestar sua opinião; o lado ruim das redes sociais é que qualquer pessoa pode manifestar sua opinião...



quinta-feira, 10 de maio de 2018

O Brasil seria cômico, se não fosse cômico. Afinal de contas, todo mundo gosta de rir, mas ninguém gosta de ser motivo de piada. Bergson explica...

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Oportunismo e Predação

Todo predador é um pouco oportunista; todo oportunista é um pouco predador. Quanto maior o oportunismo, pior a predação. Mas quem oferece as oportunidades, senão a própria presa? O predador só precisa ser mais forte que a presa mais fraca. A presa mais fraca é aquela que, geralmente por descuido, oferece mais oportunidades. O predador mais forte é aquele que domina de dentro a própria mente da presa, induzindo-a a oferecer por si mesma as oportunidades de predação. Os predadores realmente poderosos não possuem garras ou dentes, preferindo palavras e imagens; capturam suas presas pelos olhos e pelos ouvidos. Quem deseja sobreviver, precisa se tornar rigorosamente inoportuno, rechaçando assim todos os oportunistas.


domingo, 6 de maio de 2018

200 anos de Marx - O que comemorar?

Não me entusiasmo nem um pouco com as comemorações dos 200 anos de nascimento do autor de "O Capital".

Marx era um homem inteligente e erudito e, evidentemente, teve algumas ideias muito interessantes - como as noções de mais-valia, alienação e fetiche, por exemplo. No entanto, enquanto reflexão sistemática, a meu ver, o marxismo não se sustenta em pé. O central modelo de "modo-de-produção" é de um reducionismo pavoroso; a "luta de classes" como principal motor da História é um delírio messiânico, e a noção de "consciência de classe" resvala várias vezes na desonestidade intelectual.

Além disso, também acho que o pensamento de Marx tinha nuances extremamente perigosas - marxistas e simpatizantes me parecem subestimar gravemente as tendências autoritárias presentes no discurso do pensador. A noção de "ditadura do proletariado" me causa asco, não importando os sofismas com que se tente maquiar a coisa. As sementes do mais sombrio stalinismo já estavam latentes no discurso de Marx desde o começo.

Nada disso significa que o proponente do "materialismo histórico" seja irrelevante. Muito pelo contrário, é, evidentemente, uma das figuras intelectuais mais relevantes e influentes da História. Seu legado estimulou muitos pensadores brilhantes, especialmente entre aqueles que não o seguiam de modo ortodoxo. Como tal, deve ser lembrado, mas também deve ser analisado criticamente, com respeito, mas sem religiosa reverência. A meu ver, a maior homenagem que se pode prestar a um pensador é criticá-lo conscienciosamente.

Não precisa ser demonizado, como quer a direita, mas tampouco deve ser colocado sobre um pedestal, como faz a esquerda.

Por sinal, já passou da hora de que os movimentos de esquerda superem o legado de Marx, cujos limites são evidentes. Que se aproveite do pensador aquilo que serve, e o resto, que seja deixado para trás, com o devido desapego. A esquerda do século XXI precisa, com urgência, parar de buscar o colo paternal de Marx, como um eterno porto seguro.

Existem outros horizontes a explorar.


quinta-feira, 3 de maio de 2018

Na hora das lágrimas

O desastre de São Paulo é, antes de tudo, muito triste. Em grande medida, é um retrato ao absurdo do drama cotidiano que é o problema habitacional em nosso país. Todavia, até que haja maiores esclarecimentos sobre as circunstâncias do ocorrido, que parecem bastante nebulosas e complexas, vamos evitar a politização excessiva do fato, especialmente a politização eleitoreira.

Me parece que é, inclusive, uma questão de respeito e solidariedade com as próprias vítimas, cujo sofrimento não deve ser simplesmente apropriado e instrumentalizado por agendas políticas que lhes são estranhas, em favor da polarização que ora devasta o Brasil. O caso TEM dimensões políticas, mas elas podem (e talvez devam) esperar.

Que, nesse momento doloroso, possam ao menos chorar em paz. Que o sofrimento humano venha antes e acima das paixões políticas, nunca o contrário.

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Paternalismo e generosidade

É fácil tomar paternalismo por generosidade, e os excessos de interpretação caem bem àqueles que desejam elevar as mais medíocres manifestações da cultura popular à condição de obras geniais. Tudo, realmente é cultura; mas a cultura nem sempre é brilhante...