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segunda-feira, 15 de maio de 2017

De Anakin a Vader - O nascimento de um monstro

Transcrição dos comentários em áudio de George Lucas no DVD de Star Wars - Episódio III: A Vingança dos Sith - um guia para a torturada jornada de Darth Vader

Cena 1 - A indicação forçada de Anakin ao Conselho Jedi
"Quando comecei a fazer o filme, estávamos na Guerra do Vietnã. Num período em que Nixon se candidatou ao terceiro mandato. Ou tentou obter uma mudança na constituição para permitir um terceiro mandato. Isso me fez pensar em como democracias se tornam ditaduras. Não como são tomadas em golpes, ou coisa assim. Mas como a democracia se vira em direção a um tirano. Então eu voltei e estudei como, após o Senado ter matado César na Roma Antiga, eles virão e entregam o Império ao sobrinho dele e o fazem imperador. O mesmo aconteceu com a Revolução Francesa. Após tanto esforço para fazer a revolução, para se livrar do rei e de todos no poder, eles eventualmente entregam a democracia a Napoleão, e o fazem imperador. Isso tem mais a ver com precedentes históricos, e isso acontece muito. Mais do que se imagina. Geralmente, você imagina que um grupo assume o poder - e no moderno século XX, era a realidade comum da "república de bananas", onde um general assume o poder à força. Mas é mais interessante quando ele é realmente entregue, para compensar o fato de que os representantes eleitos não conseguem concordar em nada e são corruptos. Portanto, para limpar a bagunça, se permite a alguém chegar ao poder para consertar tudo. [...] Nessa cena específica, com Obi-Wan e Anakin, estabelecemos o fato de haver uma tensão entre os Jedi e Palpatine, o Chanceler Supremo. E essa tensão entre os dois faz Anakin ficar preso no meio. Palpatine sabia disso quando o colocou no Conselho Jedi, pois sabia que o Conselho se ressentiria. E até Anakin sabia que o Conselho se ressentiria. Mas quando ele é realmente posto naquela posição começa a criar efetivamente uma enorme tensão entre o Conselho e Anakin. E mesmo que Anakin ainda seja leal ao Conselho, está numa posição difícil.

Cena 2 - Anakin e Padmé discutem sobre Palpatine
Esta cena serve para estabelecer que a pressão sobre Anakin está começando a dividir Anakin e Padmé. Ela tem valores sobre a democracia, sobre como as coisas deveriam ser, que estão começando a ficar confusas para Anakin. Você começa a ver a lealdade de Anakin ao Chanceler e não ao Senado, nem necessariamente à democracia. Ela questiona o que Palpatine faz e isso o aborrece muito, pois está atacando seu amigo e seu mentor, e ele entra num estado de confusão com as pressões que sofre de vários lados.

Cena 3 - Anakin e Palpatine conversam na Ópera
Há duas cenas de sedução e essa é uma delas. [...] A intriga política que acontece ao longo de todos os filmes, ou ao menos nos três primeiros, é bem opaca nos dois primeiros. Tem a ver com interesses comerciais, realidades corporativas e as tramas do Senado. Também é a ascensão de Palpatine de um simples senador a Chanceler, e agora de Chanceler a Imperador. Então as maquinações políticas tinham a intenção de ser bem "políticas" - você não entende muito bem o que está acontecendo, nem quais são realmente os problemas, mas agora você vê onde tudo isso leva. [...] O que acontece nos dois primeiros filmes fica muito mais aparente, pois foi realmente planejado que tudo conduzisse a esta cena onde revelamos os segredos sobre a situação política. Mas foi progredindo por toda a história e você verá nos episódios IV, V e VI, que os resquícios dessa situação política também aparecem nesses filmes. Então é um círculo completo que atravessa toda a história e é também uma cena que dá a ideia de onde isso levará após o Episódio VI, que é quando o Senado retorna e volta a ser uma democracia, pois agora sabemos que começou como uma democracia no Episódio I, mesmo não sendo muito eficiente, graças à corrupção e às brigas mesquinhas.

Cena 4 - Despedida de Anakin e Obi-Wan
Mas também é aqui que começamos a ver que embora Anakin finja não ter problemas no relacionamento com Obi-Wan, ele os tem. Está preocupado com o que pensam dele. Veremos na próxima cena que está preocupado com suas próprias motivações e sua confusão, e está aborrecido porque o Conselho e Obi-Wan não confiam nele.

Cena 5 - Anakin e Padmé discutem novamente
Como Anakin passava por problemas com Obi-Wan, isso serve para indicar que seu pesadelo sobre Padmé também começa a envolver Obi-Wan, como se houvesse um certo ciúme entre eles por causa de Padmé. Ele sente [através da Força?] que Obi-Wan esteve lá, falando com ela, e luta contra essa confusão e contra o fato de estar emocionalmente desequilibrado. Palpatine o confundiu. O Conselho o confundiu. Está confuso, pois não quer perder Padmé. Ele acha que tem como descobrir novos poderes que podem talvez salvar a vida dela, mas, no fundo, ele sabe que isso é provavelmente errado. Então há vários sentimentos embaralhados nesta cena.

Cena 6 - Palpatine revela sua verdadeira identidade
Originalmente, Anakin devia ser seduzido nesta cena, e tornava-se um Sith nesta mesma cena. Ao final dessa tomada, ao encarar a realidade, ele permanece um Jedi e diz: "Eu investigarei isso e vou entregá-lo". Mas originalmente não era assim. Ele foi envolvido pela ideia de se tornar um lorde Sith e salvar a esposa e essa rápida conversão dele não funcionava bem. Então fazia mais sentido ele permanecer leal aos Jedi o máximo possível e posteriormente, na cena da luta com Mace. Então, nós refizemos a cena. Não havia a parte em que o Imperador [aqui ainda Chanceler - sic] cede. Ele diz: "Você me pegou, você me pegou". Era a cena sem isso. Acabou ficando mais intensa e finalmente Anakin cede e o salva. Mas não tinha essa mesma pausa onde você pensa que... Assim o Imperador fica mais repugnante. É algo dramático e divertido de fazer.

Cena 7 - Anakin entrega Palpatine a Mace Windu
Essa cena também foi adicionada após eu mudar a cena no gabinete, pois como Anakin diz que vai contar aos Jedi, eu precisava de uma cena dele contando. Várias coisas boas aconteceram quando eu fiz a mudança. Reforça a cena quando Mace entra. Significa que quando Mace encontra Palpatine, ele sabia que ele era um lorde Sith. Funciona melhor, pois quando Mace entra, sabe que irá prendê-lo. Sabe que é o vilão, e isso funciona melhor.

Cena 8 - Anakin se angustia na torre do Conselho Jedi
Depois dessa cena, eu precisava de algo para relembrar que a questão real é que ele quer salvar Padmé e esse é o seu conflito. É por isso que está num vai-e-vem emocional. É fácil fazer o público achar que Anakin está ofendido por não pegar a missão, que está com raiva por não ser um mestre e essa cena foi planejada para relembrar que o problema real é que ele não quer perdê-la. E ele sabe que se o Imperador for morto, suas chances de salvá-la estão perdidas. O imperador é a única esperança de salvá-la, o que o faz voltar ao escritório do Imperador.

Cena 9 - Anakin e Palpatine matam Windu
Essa sequência sempre começou com Mace subjugando Palpatine e depois Palpatine usa seus poderes para destruir Mace, que desvia os raios com seu sabre-de-luz. E era sempre Anakin que cortava o sabre de sua mão. Mas essa parte em que ele finge perder seu poder e ficar fraco foi algo que acrescentei depois. Mudou o ponto da virada de Anakin para esse momento aqui. Fica muito claro que ele quer que ele vá a julgamento, para conseguir a informação sobre como obter esses poderes.

Cena 10 - Anakin cruza o limite e se torna Darth Vader
Nessa sequência baixamos a voz do Imperador para a transição ser mais forte e arrepiante. Agora, quando está com uma aparência estranha também queríamos uma voz estranha e lentamente nós retornamos à voz normal de Imperador que é um pouco diferente de sua voz como Palpatine. Mas aqui é mais representação. Tecnicamente, adicionamos um pouco de reverberação para soar mais assustador. Queríamos uma cena mais arrepiante, porque é, "Erga-se, Lorde Vader". É um dos momentos-chave do filme, em que você quer ter algo mais teatral que tudo. [...] É aqui que ele faz o pacto com o Diabo. Esse é o pacto faustiano para tentar fazer algo que ele não deveria. Ele passou dos limites. A morte de Mace... Ele queria impedi-lo de matar Palpatine, que, no fundo, era a coisa certa a ser feita. Ele não percebeu que Palpatine mataria Mace, então agora quer fazer a coisa certa, mas percebe, com a morte de Mace, que passou do limite e então ele sucumbe diz, "Sim. Farei tudo que pedir se deixar que minha esposa viva". [...] Então ele diz, "Eu farei isso, mas você precisa fazer essas coisas. Precisa matar todos os Jedi, porque se não o fizer, se deixar um só vivo, mesmo uma das crianças, eles voltarão e serão um problema para sempre". Nenhum podia sobreviver. É a mesma coisa com os Sith. O problema com os Sith é que sempre há dois e até se livrar de ambos, não se livrou de nenhum, pois sempre podem criar mais. Então precisa se livrar do Imperador e de seu aprendiz. Uma das questões é que os vilões se acham bonzinhos. Lorde Sidious acha que está trazendo paz à galáxia, pois há muita corrupção, confusão e caos. Agora ele poderá colocar tudo em ordem, o que pode ser verdade, mas o preço que a galáxia pagará é muito alto.

Cena 11 - A Ordem 66 e a matança no Templo Jedi
A narração da história de Anakin entrando no Templo Jedi e os outros Jedi morrendo pela Ordem 66 dos clones é feito como um daqueles desfechos inevitáveis em que ele se livra de todo mundo, o Imperador se livra de todos os inimigos. Mas há uma certa inevitabilidade e tristeza nisso. Sempre me preocupei que o Episódio II revelava muita coisa, com as pessoas perguntando de onde vinham os clones. Eles mencionam o fato que Lorde Tyranus e Conde Dooku são a mesma pessoa, e que foi Darth Tyranus quem deu início aos clones. Então, se prestou atenção, é fácil descobrir o que acontecerá aos clones. Eles trairão todo mundo. É difícil preparar isso sem fazer nenhuma revelação.  [...] A situação com as crianças era necessária para estabelecer o quão longe ele foi para fazer algo tão brutal e bárbaro. Tinha de estar ali, mas eu não queria mostrar. E foi na edição que a ideia de entrecortar ela [Padmé] com ele em seu pior momento, com ela se preocupando com ele. A justaposição funciona bem, pois reflete tanto a matança das crianças quanto a preocupação dela por ele, mesmo que ela não saiba da morte das crianças. Mas cria um forte vínculo emocional quando essas duas sequências são conjugadas.

Cena 12 - Anakin se despede de Padmé
Gosto dessa cena porque ele mente para ela e está racionalizando ao mesmo tempo, dizendo que é tudo por ela. Ele é leal ao Senado, ao Chanceler e a ela. Mas ele torce todos os fatos para justificar seu raciocínio, para parecer que tudo está bem, mas enquanto mente para ela, está mentindo para si mesmo e racionalizando seu comportamento. Ele sabe que está errado, mas não admite. Essa é a cena que diz que ela nunca o amaria. É claro que ela está apaixonada, mas nunca poderia viver com ele, pois foi longe demais quando assassinou crianças e depois justificou isso dizendo que apenas fazia seu trabalho.

Cena 13 - Palpatine discursa no Senado enquanto Vader mata a liderança separatista
Eis uma referência a O poderoso chefão. É quando em O poderoso chefão, ele está batizando um bebezinho e ao mesmo tempo matando todos os seus inimigos. É o que acontece aqui. Enquanto o imperador declara o Império, ao mesmo tempo está eliminando seus últimos aliados. O contraste entre os dois eventos, um contra o outro, sempre funciona. É legal ter um cara fazendo algo relativamente benigno e o outro sendo muito físico e ativo. O verdadeiro horror da situação, a parte realmente horrível da situação é ele declarar o Império em contraste com Anakin eliminando todo mundo, cortando as pessoas ao meio e fazendo coisas terríveis. Mas nada tão terrível quanto o que o imperador faz- e ele faz isso apenas com palavras. Isso foi escrito há muito tempo e foi baseado em História. Star Wars é todo razoavelmente político. A maioria das pessoas nunca notou até este Episódio completar o quebra-cabeças. Às vezes a política é meio confusa e nebulosa na perspectiva das pessoas, que é como as pessoas encaram a política. Mas por ser confusa e nebulosa as pessoas não querem se envolver. É claro, se elas não querem se envolver na política, é quando entregam tudo a alguém para dar um jeito. Então, a participação aqui da Federação de Comércio, das Guildas de Comércio e de todas as corporações que basicamente têm muita influência sobre o Senado e não lhe permitem cumprir sua função, é o que realmente começa toda essa confusão. Palpatine consegue utilizar essa corrupção e ganância por parte da Federação de Comércio para avançar seus objetivos. É óbvio que ele está encorajando a Federação de Comércio a se separar da República e levar um monte de sistemas junto, sobre os quais tem influência. Mas nada disso se torna aparente até ver que ele está usando a tudo e a todos para obter o poder supremo.

Cena 14 - Obi-Wan visita Padmé
Adoro a atuação de Ewan [McGregor] nestas sequências finais, pois ele é atraído inevitavelmente a uma realidade terrível da qual tem de participar. E não há nada que ele possa fazer. Ele não quer, mas precisa continuar naquela direção, pois é o destino dele, já que ele jurou ser um Jedi e trazer justiça à galáxia. Agora a única maneira de fazer isto é enfrentando seu amigo que também decidiu trazer justiça à galáxia. Ambos tentam fazer a mesma coisa, só que um faz com poder e vigor, realizando atos que ele sabe que são errados e o outro está realizando o ato inevitável que tem de fazer e ele não quer, que é se livrar de seu amigo. Nesta cena com Padmé, quando ela não quer contar a ele, ele percebe que a primeira ação dela será correr para Anakin e que, em vez de forçar uma resposta, ele pode simplesmente segui-la.

Cena 15 - Anakin pensativo em Mustafar
Coloquei esse pequeno momento poético aqui, de todos os mortos da Federação e Anakin na varanda meditando sobre o que fez. É a primeira vez que ele tem a chance de pensar por si no que aconteceu. A lágrima aqui diz que ele sabe o que fez, mas agora ele se comprometeu com um rumo do qual discorda, mas no qual vai prosseguir mesmo assim. É o momento que mostra que ele está ciente de ter racionalizado seu comportamento. Está fazendo coisas horríveis, mas ele sabe da verdade. Ele sabe que é mau, e não pode fazer nada. Esse é realmente o momento em que o fato de ele estar preso naquele traje é real. Se ele pudesse voltar atrás, seria diferente, mas agora não pode parar. Ele vê o desenrolar do filme. Não que ele vai ser derrotado por Obi-Wan, mas que seu caminho não pode ser seguido por Padmé, e ele vê as consequências e o fato de que terá de lutar contra Obi-Wan. Ele sabe que tudo terminará em uma luta entre ele e Obi-Wan. Ele sabe que Padmé talvez não a aceitará essa nova realidade e que fatalmente ela descobrirá a verdade. Ele fez um pacto com o Diabo e transformou-se nele. Mas não é algo prazeroso para ele, é triste. O que ela diz no final é, "Sei que ele ainda é bom por dentro". Luke diz depois em O Retorno de Jedi, "Sei que há bem em você". É algo que se repete... Porque há. O que vai retornar o equilíbrio à Força é que há uma gota de bem nele, e é seu filho que o faz entender que tomou a decisão errada e que a hora de racionalizar passou, e que precisa fazer a coisa certa, que é se livrar dos Sith e restaurar o equilíbrio da Força.

Cena 15 - Padmé confronta Anakin
A história de fundo que foi feita em 1973 só descrevia fatos gerais de Anakin no lado sombrio, e ela não podendo segui-lo. Ao descobrir que ele se interessa mais por poder que em salvá-la, ela passa a não querer mais nada com ele. Era tudo que tínhamos para essa cena, quando eles se confrontam. É sobre ela percebendo que ele mudou, que está interessado em ser o imperador do universo e que não é o homem por quem se apaixonou. Ele virou um monstro. E devido à possessividade e à ganância, ele fica extremamente irritado porque ela não o acompanha e quando vê Obi-Wan, é a gota final. Anteriormente, e em várias versões do roteiro havia mais ciúme pessoal entre ele e Obi-Wan, mas eu retirei isso. Agora ela o traiu porque o trouxe para matá-lo.

Cena 16 - O duelo de Anakin e Obi-Wan
Um dos problemas com os Sith é que eles são rápidos para a raiva. Nesta cena com ela era muito importante chegar ao ponto em que ele a estrangula como faz com um dos generais no Episódio IV. Mas mesmo assim ele não a mata. Ele só a faz desmaiar. Mas você vê o lampejo de raiva que ele agora não consegue mais controlar. [...] A qualidade principal de um Jedi é que ele consegue controlar sua raiva. Ele chegou a um ponto em que não controla nada. É pela necessidade de controle e poder e por ficar irritado quando não tem isso. Obi-Wan inevitavelmente tentará impedi-lo. Agora ele acha que ela está ligada a Obi-Wan. Não necessariamente algo romântico, mas mais pelo fato de ambos estarem do mesmo lado, seguindo o mesmo rumo, enquanto ele segue outro. [...] Há muita discusão sobre arrogância, tanto por parte do Imperador quanto dos outros. Então a última coisa real que Anakin fala além de "Eu odeio você" é "Você subestima meu poder", o que é o cúmulo da arrogância. Esta sequência dele se arrastando pela lateral do vulcão e depois pegando fogo é uma das imagens principais que permanecem desde o comecinho. A história original, antes de eu escrever o roteiro do Episódio IV tinha esse momento em que ele se arrasta pela parede do vulcão e pega fogo após Obi-Wan cortar seus braços e pernas. Era essa imagem de como ele se transformou em Dath Vader. É bem aqui, nesta tomada. [...] É meio repulsivo, mas necessário para colocá-lo naquele traje e também é trágico. E precisava ser feito de forma que Obi-Wan pense que o matou, mas não realmente. Eu queria que as chamas durassem até Obi-Wan partir e depois se apagassem e fossem desligadas, por assim dizer. Há várias ocasiões nos filmes, em todos os seis episódios em que pessoas diferentes dizem as mesmas falas em situações diversas, com significados diversos ou não, ou por ironia. Eis uma, que é dentro desse filme, onde a única coisa que ela diz é "Anakin está bem?" Depois passamos a Anakin e ele diz "Padmé está bem?", o que é uma técnica repetitiva que permeia os filmes. Em parte é uma piada, como "Estou com um mau pressentimento" e em parte é pura ironia ou tem outra razão, mas a mesma fala é repetida de propósito.


Cena 17 - O Imperador resgata Darth Vader
Nesta cena, originalmente, o Imperador estava muito escuro e eu tive de clareá-lo, para ele ficar parecendo a Morte. Ele é uma figura quase branca. Uma figura de rosto branco, que é uma versão menos realista do que uma muito escura, que seria sua aparência nessas circunstâncias [de iluminação]. Mas eu queria que ele tivesse um ar fantasmagórico da figura da Morte.

Cena 18 - A cirurgia de Darth Vader e o parto de Padmé
Essa sequência dela dando à luz e Anakin se transformando em Darth Vader originalmente estava dividida em duas cenas separadas. Na edição, eu comecei a entrecortá-las cada vez mais e tirei parte de outro material que não era relevante e acabei cortando só dele para ela e vice-versa. Continuei refinando até acabar com essa versão final onde as transições são principalmente dele para ela. Foi bem entrecortada, pois originalmente ela dava à luz e ele se tornava Darth Vader. Um acontecia após o outro.  [...] É difícil fazer isso num pedaço de papel, mas quando põe as mãos no filme, começa a ver certas coisas e a trabalhar com elas e finalmente elas evoluem naquilo que parece certo para o filme. Em no momento em que ele nasce, ela morre. Então temos o momento em que ele começa a respirar como Darth Vader como símbolo do seu renascimento, seguido da cena dela dizendo que ele ainda é bom, e então morrendo. [...] Aqui, eu me senti muito indeciso em termos de quanto diálogo eu usaria. Quanto seria suficiente para essa cena. Queria que ele se sentisse como o monstro de Frankenstein que fora criado ao se levantar da maca, sem escancarar muito, mas dando a sensação de que o Imperador criou um monstro, e que Anakin tornou-se realmente um monstro, não só fisicamente, mas também em sua alma.

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