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quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Todo "direitista" é ignorante ou mau caráter?

Cuidado com as generalizações... 

Há "direitistas", "direitistas" e "direitistas". Nem tudo cabe no mesmo balaio. Generalização e polarização caminham lado a lado, e são as melhores armas do manipulador de plantão. Ninguém é dono da verdade... Todo mundo é o idiota de alguém, o ignorante de alguém, o "analfabeto político" de alguém... E por aí vai.

300 anos atrás essas noções de "direita" e "esquerda" sequer existiam. É um filtro conceitual muito limitado para enquadrar toda a realidade.

Não existe Yin sem Yang. Todo mundo precisa de dois pés para caminhar. Não existe democracia sem divergência, diversidade e diálogo entre os diferentes. A obliteração da direita não é um caminho - ou talvez seja apenas o caminho para a guerra civil (ou ao menos para brigas intermináveis nas redes sociais)...

Rotular adversários é um tremendo obstáculo ao diálogo. Precisamos ouvir uns aos outros, e a premissa de que o outro só pode ser ignorante ou mau caráter não ajuda muito.
 
Existem diferentes maneiras de apoiar ideias como capitalismo, liberalismo ou neoliberalismo. Algumas são torpes, outras são nobres - mesmo que eu não concorde com elas. De um modo ou de outro, é necessário ouvir os argumentos "do outro lado" e dialogar com eles: talvez até concordemos em uma ou outra coisa.

A realidade possui muitas dimensões e elas não cabem numa linha reta. Os maniqueísmos são sempre tentadores - e sempre imprudentes. E, é claro, o maniqueísmo dos outros sempre nos incomoda mais que o nosso.


Não gosto muito de Nietzsche, mas ele bem alertava que aqueles que combatem monstros muitas vezes se tornam monstros, eles mesmos... Vejo pouca diferença entre eleitores Bolsonaro e algumas pessoas "de esquerda".

Quando temos apenas uma pergunta e só imaginamos duas respostas já assumimos uma postura maniqueísta. Outras pessoas podem ter outras respostas e pensar em outras perguntas. Ouvir essas outras respostas e responder a essas outras perguntas nos leva do monólogo ao diálogo - nos põe no caminho da democracia.


A minha utopia pode ser o inferno para o outro. O que vejo como libertação pode ser um cativeiro insuportável para outrem. As utopias são maravilhosas como bússolas, mas podem ser péssimas como mapas. Uma boa bússola possui Norte, Sul, Leste e Oeste. Uma bússola que tivesse apenas "Esquerda" e "Direita" só serviria numa rua bem estreita - mas as sociedades humanas são Oceanos, de vasta superfície e maior profundidade.  O MEU paraíso socialista talvez seja um inferno para OUTRO socialista - e quem tem razão?!


Nós já vimos onde experiências de "erradicação da exploração" cheias de certezas podem levar. As tais "semanas patrióticas" da União Soviética eram uma forma de exploração do trabalho mais cínica e hipócrita do que qualquer sociedade capitalista jamais imaginou. O "Grande Salto" proposto por Mao era ainda pior.  

Os Partidos Comunistas se tornaram grandes expurgadores de heresias pelo excesso de certezas e falta de dúvidas. A ortodoxia política conduz quase sempre à tirania.

Eu SOU socialista, e espero que não repitamos os erros passados - para isso, não podemos esquecê-los. 



O grande perigo é imaginar que algumas ideologias são imunes à tirania: não são. A tirania está mais nos meios que nos fins. Quase todo tirano defende meios torpes para atingir fins nobres, em defesa da família, do trabalhador, da religião, do povo, da nação, dos oprimidos etc.


Não acredito que sejamos capazes de fazer tabula rasa da realidade, com gestos voluntaristas, por melhores que sejam as intenções. A meu ver, a sociedade não é como uma edificação que se projeta, é mais como uma planta que se cultiva. A diferença de métodos entre o jardineiro e o engenheiro é imensa. Mesmo o engenheiro, por sinal, precisa muitas vezes empreender correções ao longo de seu projeto, pois solos e materiais nem sempre se comportam da maneira prevista ou desejada.



Independentemente de nossas perspectivas e opiniões, não podemos nos tornar Narcisos enamorados de nossos próprios reflexos. E precisamos lembrar que TAMBÉM existe beleza fora dos espelhos...

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