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quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Coari, 2015: considerações sobre a revolta popular

Quem planta injustiça, colhe revolta.

Enquanto ainda lhe deixam um pouco de dignidade, o ser humano pode permanecer dócil, obediente e submisso; pode ser pisoteado com um sorriso amarelo no rosto, fazendo piada. No entanto, quando o precipitam na miséria, tudo pode acontecer.

Há cerca de cinco meses os servidores da Prefeitura de Coari, Amazonas, não vêm recebendo seus salários, devido à administração irresponsável do município; isso afeta não apenas os funcionários propriamente ditos, mas o comércio varejista da cidade.

Na última semana, cerca de 400 pessoas revoltadas atacaram a Câmara dos Vereadores, as residências de alguns vereadores, e incendiaram as residências do prefeito e de sua mãe.  Também houve saques. Felizmente ninguém saiu morto ou ferido. Me parece um fato inédito na história recente da república brasileira: ataques diretos à pessoa e aos bens dos governantes.

As imagens de Coari são ao mesmo tempo belas, tristes e preocupantes.

 
 
 


Não justifico ou aprovo essa reação popular - violência gera violência, num ciclo de dor crescente e cada vez mais difícil de romper; o ideal seria buscar estratégias pacíficas e construtivas para resolver a situação.

No entanto, é o que acontece quando pessoas são brutalmente privadas do seu sustento. Cortar o salário de alguém é uma violência muito cruel. Conheci essa dor na carne, quando o Sr. Eduardo Paes, desrespeitando a Constituição e a Lei Orgânica do município do Rio, descontou meu salário pela participação na greve de 2014. Só quem sofreu uma coisa dessas tem ideia do quanto é horrível ter seu sustento comprometido por um governo arbitrário. Imagine cinco meses nessa situação...

Como dizia Victor Hugo, só é possível existir paz quando se instauram condições objetivas de participação democrática para todos. Quando não há diálogo, quando não se criam vias de entendimento pacífico, quando os poderosos se prevalecem da violência contra o povo, o desfecho será, normalmente, mais violento.


 



Espero que as autoridades amazonenses ajam com sabedoria, procurando caminhos para conciliação, reconhecendo ao povo seus justos direitos. Espero também que os órgãos municipais de Coari sejam devidamente responsabilizados pela situação. Temo pela onda de repressão que talvez se abata sobre o povo de Coari - e torço para que esse povo valente encontre outras estratégias para fazer suas legítimas reivindicações.

A situação em Coari é um lembrete para todos os nossos governantes. Ou botamos a democracia brasileira no eixos, ou teremos situações cada vez mais difíceis - principalmente para os políticos. Nossos prefeitos, vereadores, governadores, deputados, senadores, presidente, precisam perceber que, entre tamanhas injustiças, abusos e arbitrariedades, NINGUÉM está seguro. Que lembrem de Luís XVI e Maria Antonieta...

 
 
 

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