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sexta-feira, 21 de junho de 2013

Impressões sobre a "Revolta dos 20 centavos"

Apenas algumas notas avulsas sobre os recentes acontecimentos:

-É bom ver o pessoal saindo da apatia. Mas não nos enganemos com a força dos números. Havia milhares de pessoas, mas é LITERALMENTE IMPOSSÍVEL saber exatamente com que causas cada um ali estava comprometido. Nesse momento, a euforia é compreensível, mas a reflexão é imprescindível. É preciso pensar com seriedade até onde essa movimentação pode nos levar. Essa efervescência pode nos conduzir a realizações maravilhosas ou a desastres monstruosos. Há que ter esperança, há que ter otimismo, mas a prudência também se faz necessária.
 
-Na hora que corre, mais vale a dúvida sábia que a certeza enganosa.
 
-Seria falacioso pensar em um movimento; na verdade, já se tornou óbvio que existem muitos movimentos diferentes acontecendo em caráter de simultaneidade, operando numa efêmera convergência; por sinal, as linhas de fratura já estão aparentes.
 
-Cuidado com as adesões precipitadas. Como sempre, há manipuladores de plantão prontos para tirar proveito dessa mobilização. Não somos ingênuos o suficiente para duvidar que nesse exato momento inúmeras mentes nos mais variados escalões do governo, nos mais diversos partidos políticos, nos grupos empresariais, nos grupos de comunicação, DENTRO E FORA DO BRASIL, planejando como lidar com a situação presente e como aproveitá-la para atingir suas próprias finalidades (sejam elas quais forem).
 
-Aos que participaram pessoalmente das manifestações, tenham  a sensatez de evitar a postura de donos da verdade e "testemunhas oculares" da História. Num fenômeno dessa magnitude, o que se pode "ver com os próprios olhos" é quase nada. Ninguém, absolutamente ninguém tem como adotar uma perspectiva complexa, completa e abrangente a partir do pouco que viu. Antes de acusarmos A, B ou C de mentirosos, cabe lembrar que cada um só conseguiu ver uma ínfima parte de tudo que estava acontecendo. Como dizia Sócrates, "a verdade não está com os homens, está entre os homens".
 
-A terra está fértil. Agora, precisamos escolher que sementes plantar. É necessário usar criatividade, estudar tenazmente quais são as esferas em que cada um de nós pode dar sua contribuição. A ação precisa ir muito além das ruas. Ela precisa encontrar seus espaços em todas as instituições públicas e privadas. Particularmente nós, servidores públicos, devemos assumir uma postura mais ativa em nossos espaços institucionais de atuação profissional. A boa e velha desobediência civil pode ser um caminho útil. Lembrem-se de Gandhi. Lembrem-se de Luther King. Recusar-se a cumprir ordens iníquas é um bom começo.
 
-Já temos bastante movimento; precisamos agora de mais pensamento. Meditar e agir caminham juntos. Fica o convite para todos os intelectuais brasileiros. Historiadores, filósofos, sociólogos, antropólogos, linguistas, artistas, jornalistas, contribuam com suas análises, opiniões, questionamentos. Divulguem suas ideias através de todos os meios a seu alcance. Escrevam textos! Façam desenhos! Gravem vídeos! Enfim, se expressem. É hora de semear. Há muitos anos não vemos um momento tão propício para a intelectualidade sair de trás dos muros da academia e dialogar com as multidões. Abandonando velhos ranços, dediquemo-nos ardorosamente às tarefas de educar e divulgar conhecimento.
 
-O império inquestionado da grande mídia acabou. Viva! Contudo, não convém subestimá-la ainda...
 
-As redes sociais e demais ferramentas de comunicação são instrumentos importantes. No entanto, não podemos esquecer por um momento sequer que as organizações que as proporcionam são grupos privados, com donos, acionistas e objetivos próprios. Elas são essenciais agora, mas a longo prazo é necessário pensar em outras alternativas viáveis, em outros canais de convergência.
 
-O diálogo é condição sine qua non para que possamos encontrar novos caminhos. Gritar é bom; conversar é melhor ainda. É necessário saber falar e saber ouvir.
 
-Temos que mudar nosso país, mas também precisamos enxergar dentro de nós mesmos o que precisa ser mudado em benefício da coletividade.
 
-Evitemos posturas maniqueístas. Não há heróis ou vilões, bandidos ou mocinhos. Apenas pessoas. Algumas delas são bem intencionadas. Outras agem de má fé. Algumas são críticas. Outras ingênuas. Algumas sabem o que querem. Outras não. Cada um faça o melhor a seu alcance.
 
-Ante a falta de clareza e a cacofonia de discursos, abster-se de participar das manifestações de rua é uma escolha política mais que válida.

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