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segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Leituras - "V de Vingança", de Alan Moore

Esta semana finalmente consegui adquirir e ler V de Vingança, de Alan Moore e David LLoyd, um dos maiores clássicos dos quadrinhos. Para quem não conhece, a HQ se passa nos anos de 1997 e 1998 - sendo que fôra publicada no início dos anos 80, ou seja, os autores projetavam um futuro próximo.

Felizmente o mundo ao fim dos anos 90 era muito diferente do que Moore e LLoyd imaginavam. O "futuro" apresentado na história é bastante sombrio. No fim dos anos 80, uma terrível guerra nuclear destruíra boa parte do mundo ocidental. Na Europa, apenas a Inglaterra escapara da catástrofe. No entanto, o país se encontrava entregue à desordem e ao caos. Um grupo fascistóide, "Nórdica Chama", chega ao poder, instalando um Estado policial racista, homófobo e repressor, onde toda liberdade é sacrificada em nome da ordem e da segurança.

Eis que surge V, um homem misterioso, cuja máscara lembra Guy Fawkes, que no século XVII tentara explodir o Parlamento no chamado "Gunpowder Plot" (atualmente efígies de Fawkes são destruídas anualmente num rito semelhante à nossa "Malhação do Judas"). V inicia um movimento de contestação, marcado por intervenções literal e simbolicamente "bombásticas" - começando pela explosão do Parlamento.

Seria impossível dar conta da trama complexa com suas reviravoltas, seus ricos personagens e sua contundente análise das relações entre medo, poder e liberdade. A arte de LLoyd é fantástica, dando à trama um clima retrô, quase como um film noir. O texto de Moore é sempre sensacional, especialmente as falas de V. Transcrevo alguns dos belíssimos discursos proferidos pelo personagem. Garanto que após a leitura vocês correrão para as livrarias!

"Não se deve contar com a maioria silenciosa, pois o silêncio é algo frágil. Um ruído alto... e está tudo acabado.

O povo está amedrontado e desorganizado demais. Alguns podem ter tido a oportunidade de protestar, mas foram como vozes gritando no deserto.

O barulho é relativo ao silêncio que o precede. Quanto mais absoluta a quietude, mais devastadoras as palmas.

Nossos governantes não ouvem a voz do povo há gerações, Evey, e ela é muito mais alta do que eles se recordam".

"A anarquia está sola sobre o mundo.

A ordem involuntária gera insatisfação, mãe da desordem, prima da guilhotina. Sociedades autoritárias são como a formação de crostas de gelo. Intrincadas, mecanicamente precisas e, acima de tudo, precárias. Sob a frágil superfície da civilidade, o caos se convulsiona e há locais onde o gelo é traiçoeiramente fino.

A autoridade, quando detecta o caos pela primeira vez em seus calcanhares, fará as coisas mais vis para preservar a fachada de ordem, mas, como sempre, ordem sem justiça, sem amor ou liberdade, não pode deter a derrocada de seu mundo para o holocausto.

A autoridade admite dos papéis: o torturador e o torturado. Ela transforma as pessoas em manequins amorfos que temem e odeiam, enquanto a cultura mergulha no abismo.

A autoridade deforma completamente a educação das crianças, tornando seu amor um arremedo...

O colapso da autoridade permeia o leito, as diretorias, a igreja e a escola. Tudo é mal gerido. A igualdade e a liberdade não são luxos a serem levianamente desprezados. Sem elas, a ordem não pode persistir antes de alcançar grandes profundezas".

"A anarquia deve abraçar o estrondo das bombas e canhões, todavia, deve amar ainda mais a doce música".

"Com a ciência, as ideias podem germinar num leito de teorias, formas e práticas que auxiliam seu crescimento... Mas nós, como jardineiros, devemos estar atentos, porque algumas sementes são de ruína... E os botões mais iridescentes são geralmente os mais perigosos".

"A anarquia ostenta duas faces, a criadora e a destruidora. Destruidores derrubam impérios, fazem telas com os destroços, onde os criadores erguem mundos melhores.

Os destroços, uma vez obtidos, tornam as ruínas irrelevantes. Fora com os explosivos, então!

Fora com os destruidores, eles não têm lugar em nosso mundo melhor. Brindemos a todos os nossos bombardeiros, a nossos bastardos mais desprezíveis e odiosos. Bebamos a sua saúde, e depois não os vejamos mais".

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