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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Chapolim Colorado no reino de Clio

No último post discuti algumas possibilidades de abordagem do Chaves numa perspectiva historiográfica. Hoje é a vez do Polegar Vermelho. "Oh, e agora, quem poderá me ajudar"?

A princípio, me parece que as aventuras do Chapolim Colorado constituem um universo ainda mais rico para a pesquisa do historiador, por diversos motivos. Como meus movimentos são friamente calculados, explorarei apenas alguns deles.

Uma possibilidade bastante instigante é utilizar os episódios "históricos" de Chapolim para estudar História e Memória na cultura popular. Afinal de contas, como sabemos, Chapolim é um grande contador de histórias, tendo já narrado as façanhas de Cristóvão Colombo, Leonardo da Vinci, Júlio César, entre muitos outros. Aliás, não podemos esquecer que geralmente essas histórias não são narradas isoladamente. Pelo contrário, os relatos de Chapolim são sempre feitos em função dos problemas vivenciados por algum personagem, geralmente desempenhando uma utilidade exemplar, numa perspectiva de "historia magistra vitae", o que por si só já daria um interessante estudo sobre os usos da História na cultura contemporânea. Também não podemos esquecer das inexplicadas viagens no tempo realizadas pelo Vermelhinho, que permitiriam abordagem semelhante, caso de suas aventuras no Velho Oeste, entre piratas, etc.

Além desses episódios "históricos" não podemos esquecer dos literários, que trazem versões chapolinescas de clássicos da literatura como Fausto, "Juleu e Romieta", Pigmaleão, etc. Esses episódios me parecem muito instigantes como fontes para o estudo das relações entre cultura popular e erudita, fornecendo material para Chartier nenhum botar defeito!

Por outro lado, existem outros aspectos instigantes a investigar, como os inúmeros episódios de Chapolim que fornecem alguma representação de situações contemporâneas à época de produção do seriado, especialmente da Guerra Fria, notadamente das corridas armamentista e espacial, como é o caso dos episódios com tramas de espionagem, viagens espaciais, ou armamentos e inventos mirabolantes, como o "extrato de energia volatium" ou o "debilizador potencial". Mas... "Palma, palma, não priemos cânico"! É importante lembrar que essas alusões ao contexto coetâneo nunca são diretas e explícitas, o que, na verdade, só torna seu estudo ainda mais interessante. Além disso, as referências são sempre distorcidas, exageradas, como convém à linguagem humorística, obviamente. Contudo, o que tornaria mais rica essa análise é justamente o caráter periférico de Chapolim, como produção mexicana, oferecendo uma perspectiva diferente do que podemos encontrar num filme de James Bond, por exemplo.

Nesse sentido convém destacar talvez a possibilidade de pesquisa mais significativa em torno do Chapolim. Não podemos esquecer que "El Chapulin Colorado" é um super-herói, notadamente um super-herói latino; por sinal, o único bem sucedido comercialmente, o que diz muita coisa. Afinal de contas, as aventuras de super-heróis são um gênero tipicamente ianque que não costuma encontrar muito sucesso em produções estrangeiras, apesar do evidente sucesso do material exportado dos EUA, como as bilheterias de cinema da última década comprovam fartamente. Uma análise detalhada da figura do Chapolim, de seus poderes, equipamentos, vilões, tramas e valores pode ser muito enriquecedora em termos da reflexão sobre as identidades na América Latina, sobre o modo como nós latino-americanos nos vemos, de que maneira o Chapolim simboliza nosso papel no mundo, etc. Afinal de contas, o papel dos super-heróis é justamente encarnar valores, como estão aí para comprovar Superman ou Capitão América. Por sinal, uma pesquisa como essa deveria necessariamente discutir outra curiosa figura, o Super Sam, "Oh, yeah"! O cotejo entre o Polegar Vermelho e sua contraparte ianque certamente daria oportunidade a reveladoras análises.

Esses dois posts foram apenas uma breve aproximação ao tema. Há muito a se aprofundar e pretendo explorar melhor o universo CH sob as luzes de Clio em outras ocasiões. Aliás, fica a dica para quem se interessar pelo tema; há um vastíssimo território por descobrir! "Não contavam com minha astúcia! Sigam-me os bons"!

Um comentário:

Tiago Ribeiro disse...

Muito bom, Luiz! Reafirmo que ainda há muito preconceito quanto às histórias do Chapolin e do Chaves. Quanta riqueza há nesses textos que não é explorada...

Acho que você é o cara para começar a fazer isso. Se precisar de ajuda, é só falar comigo! Afinal de contas, "duas cabeças pensam melhor que dois voando..." Ou: "é melhor um pássaro na mão do que com ferro será ferido". Digo...

Ah, o que importa dizer é que podemos esmiuçar essa matéria até que não reste pedra sobre pedra. Ou seria A-E-RO-LI-TO sobre A-E-RO-LI-TO?