Newsletter

Sua assinatura não pôde ser validada.
Você fez sua assinatura com sucesso.

Oficina de Clio - Newsletter

Inscreva-se na newsletter para receber em seu e-mail as novidades da Oficina de Clio!

Nous utilisons Sendinblue en tant que plateforme marketing. En soumettant ce formulaire, vous reconnaissez que les informations que vous allez fournir seront transmises à Sendinblue en sa qualité de processeur de données; et ce conformément à ses conditions générales d'utilisation.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Esclarecimento

Essa semana não pude postar, pois estou concluindo a redação de um artigo para publicação, mas na semana que vem tem posts novos!

sábado, 16 de abril de 2011

Leituras - "Breve História do Mundo", de Ernst Gombrich

Pouquíssimo conhecido, este livrinho é uma pérola saída da pena de Ernst Gombrich, conhecido autor de História da Arte. Breve História do Mundo foi o primeiro livro que publicou, em 1936, e apresenta uma importante peculiaridade: é voltado ao público infanto-juvenil.

Não há muito que dizer sobre a obra, exceto apontar seus inúmeros méritos e qualidades. O livro usa uma linguagem que é ao mesmo tempo simples e acessível sem ser pobre. Consegue ser didático e bem explicado sem ser repetitivo, enfadonho ou engessado. Por fim, e esta é seu maior trunfo, aborda temas aparentemente pesados demais para a sensibilidade infantil com notável leveza e delicadeza, incentivando a criança ou o jovem a significativas reflexões sobre o ser humano.

Infelizmente a obra é muito extensa e volumosa para o uso em sala de aula (330 páginas), mas recomendo a qualquer um que tenha filhos, sobrinhos ou netos nessa faixa etária.

O Brasil nos quadrinhos estrangeiros

Na última semana estreou a animação Rio, da Blue Sky, com direção de Carlos Saldanha. O filme é muito interessante e, apesar das inevitáveis incongruências, apresenta uma visão positiva e honesta do Rio de Janeiro. Recomendo a todos assistir. Aproveitando o ensejo, esse post dedicar-se-á ao modo como a imagem do Brasil é apresentada em algumas histórias em quadrinhos estrangeiras, especialmente das duas últimas décadas.

Comecemos pela HQ Batman no Brasil, publicada nos EUA em 1991 e no Brasil em 1993. Na história, Batman vem ao Rio de Janeiro em busca da Dama de Copas, uma vilã de Gotham City que tem o desagradável hábito de matar pessoas para colecionar seus corações. Contudo, chegando aqui, a Dama de Copas morre, e o Cavaleiro das Trevas se depara com uma ameaça mais perigosa, o Idiota, bizarríssimo personagem que é fruto de uma experiência realizada na floresta amazônica por um cientista britânico. Ao longo da trama, Batman vai à Amazônia investigar e, por fim, retorna ao Rio, onde derrota o vilão, com a ajuda da polícia carioca.

Apesar de algumas inevitáveis "derrapadas", a hq apresenta o Brasil de modo acurado. Por exemplo, o centro do Rio de Janeiro é particularmente bem retratado, com alguns de nossos prédios mais familiares aparecendo ao fundo. Quando vai para a Amazônia, Batman empreende uma longa viagem aérea, tornando claro que está bem distante do Rio. É interessante destacar ainda que nessa aventura Batman estabelece uma estreita parceria com a polícia carioca, especialmente com o "Comissário Freitas". Também é digna de menção a ênfase da HQ em que a língua falada por aqui é o Português, preocupação percebida especialmente nos nomes dos personagens brasileiros, que evitam os clichês hispanizantes. Como nem tudo são flores, Batman encontra um espécie de templo "asteca" em plena Amazônia brasileira. Também deve-se observar a presença no Rio de alguns elementos de arquitetura colonial espanhola (em alguns quadrinhos mais parece que Batman foi para Cartagena de Índias...), mas nada que comprometa a integridade da ambientação. Outro aspecto a salientar é a presença exagerada de meninos de rua no Rio de Janeiro, embora seja um triste aspecto de nossa cidade. Aliás, na trama essas crianças são as principais vítimas do Idiota.

Outra hq interessante nesse sentido é Sete cavaleiros (menos quatro) e um destino, publicada pela Disney em 2004 e no Brasil em 2010. Na história passada nos anos 40, de autoria do talentoso Don Rosa, os sobrinhos do Pato Donald conseguem para o tio uma viagem ao Rio de Janeiro, para ajudá-lo a superar uma depressão. Aqui, reencontra seus amigos Zé Carioca e Panchito, relembrando a amizade entre os três protagonistas de Você já foi à Bahia?, o célebre filme de propaganda política feita por Walt Disney nos anos 40; de fato, a hq é um tributo a este e outros filmes dos personagens. Reunidos, os três resolvem ir ao Mato Grosso, para atuar como garimpeiros. No fim, acabam encontrando uma bizarra cidade antiga, obra de europeus que estiveram no Brasil milênios antes.

De modo geral, a história também mostra uma representação bem embasada do país. O Rio de Janeiro dos anos 40 é bastante fiel, sendo digno de nota o teleférico do Pão de Açúcar, representado corretamente em relação à época. Outro detalhe interessante é a circulação de bondes. As paisagens naturais do Pantanal e do Planalto Central não deixam a desejar. A incongruência mais chamativa é o encontro dos protagonistas com contrabandistas de animais silvestres, apresentada sob uma ótica atual (obviamente anacrônica), embora seja principalmente uma louvável tentativa do autor de atrair atenção para o tema.

Por fim, temos a tristemente curiosa Saudade, aventura de Wolverine publicada aqui em 2007, produzida por artistas franceses, sendo o primeiro título do selo Marvel Europa. Na história, o mutante vem passar férias em Fortaleza, onde acaba enfrentando uma terrível quadrilha/seita liderada por um bizarro personagem, o "Pai Kurra Daizonest", maligno mutante que suga as energias vitais de favelados raptados, ao mesmo tempo que lidera uma seita semelhante ao vodu. Na trama, Fortaleza aparece como uma miserável cidade interiorana, sem ruas calçadas, onde membros da dita quadrilha circulam impunemente com armamento pesadíssimo em caminhonetes, atacando pessoas pela rua. Na hq só há miséria e violência; por sinal, que péssimo lugar Logan escolheu para passar suas férias! O Brasil de Saudade não passa de uma sofrível coleção de estereótipos.

A partir das obras analisadas podemos perceber que, ao contrário do que costumamos imaginar, nem sempre a imagem do Brasil veiculada no exterior é negativa, distorcida ou estereotipada. Por sinal, Donald e Batman não vão à praia, nem participam do Carnaval... Concluindo, é interessante refletirmos sobre o modo como a indústria cultural brasileira representa outros países e culturas: será que os italianos, marroquinos ou indianos de nossas novelas não nos envergonhariam diante dos povos que representam? Hare baba!

domingo, 10 de abril de 2011

Resultados da primeira enquete

Apesar de um problema no Blogger, que apagou os primeiros votos da enquete, aqui estão os resultados finais, somando todos os votos (inclusive os deletados).

O objetivo da pequisa era sondar quais as épocas que mais despertam o interesse dos leitores. De seis pessoas que votaram em duas opções cada uma, tivemos:
-1 voto para História Antiga (8%);
-3 votos para História Medieval (24%);
-6 votos para História Moderna (48%);
-4 votos para História Contemporânea (32%).

Os resultados me surpreenderam bastante, principalmente pela liderança de História Moderna e pelo interesse manifestado por História Medieval. É claro que o resultado não é nada confiável, já que só tivemos opiniões de seis pessoas... Participe das enquetes, já temos uma nova online! É uma oportunidade de discutirmos e conhecermos melhor os perfis e interesses que compartilhamos.

Aguardem, pois muitas novidades vêm por aí: entrevistas, colunistas convidados, e muito mais...

Leituras - "A Guerra de Alan", de Emmanuel Guibert

Esse ano encontrei por acaso nas estantes da Saraiva um livro muito curioso: "A guerra de Alan - as memórias do soldado Alan Ingram Cope", do quadrinista francês Emmanuel Guibert. Como explica o autor no prefácio, a obra surgiu de seu encontro casual com o veterano de guerra Alan, norte-americano residente na França. Os dois se tornaram amigos e, depois de muitas conversas, Guibert pensou na possibilidade de adaptar as reminiscências do ex-combatente para os quadrinhos.

O resultado é um livro surpreendente, onde não encontramos nada do que esperamos em memórias de guerra. A começar pelo fato de que Alan Ingram Cope participou da II Grande Guerra, mas jamais esteve em combate. Alan chegou à Europa muito depois do desembarque da Normandia. De fato, seu regimento foi até a antiga Tchecoslováquia, contudo sempre atrás das tropas que estavam realmente no front.

O interesse do relato está em sua vívida descrição dos hábitos e do cotidiano dos soldados em sua situação: as manobras, os treinamentos, as amizades, as distrações e divertimentos... Ainda mais interessante é a narrativa do período posterior ao armistício, onde aborda as complexas relações entre os soldados e os habitantes das regiões ocupadas, numa atmosfera tensa, marcada por conflitos e negociações, imposições e concessões. De certo modo, "A Guerra de Alan" é uma crônica da guerra vista pela retaguarda.

Não podemos, é claro, esquecer da belíssima arte de Guibert, que tem um estilo muito próprio, muitas vezes misturando desenhos com fotografias de modo extremamente criativo. Confira abaixo.

O livro tem tradução brasileira da Zarabatana Books.
Os soldados no clube de música erudita
Transporte ferroviário de tropas
Treinamento: homem vs tanque

"Será que índio é gente?"

O questionamento pode parecer absurdo ou até malicioso. Contudo, ele é proposto na mais pura inocência por diversos de meus alunos. Ou melhor, infelizmente, a noção é geralmente apresentada por eles como uma certeza, um dado naturalizado. Um dos exemplos mais expressivos foi o comentário de uma aluna minha, que afirmava às colegas que o "homo sapiens era uma espécie de minotauro, com corpo de homem e cabeça de índio". Outras formulações semelhantes que já encontrei em trabalhos ou provas são "quando os humanos chegaram ao Brasil só havia índios", "os índios entraram em guerra contra os humanos" ou "os humanos escravizaram os índios", entre muitas outras. A bem dizer, nenhum aluno jamais me perguntou sobre a humanidade dos índios; o que tenho encontrado repetidas vezes é a certeza de sua não-humanidade.

Tal pensamento nos parece obviamente anacrônico, incompatível com o que esperamos encontrar hoje. Essas afirmativas aparentam mais ser contemporâneas ao debate de Valladolid, onde se discutiu a questão da humanidade dos índios. Quando? 1551... Naquela ocasião, o ponto de vista vencedor foi o do dominicano Bartolomé de Las Casas, que sustentava que os ameríndios eram tão humanos quanto os espanhóis. Contudo, muitos de meus alunos desconhecem completamente essa ideia; pelo contrário, talvez concordem com a dúvida exposta em 1557 pelo francês Villegagnon a respeito dos tupinambá da Baía de Guanabara: "me perguntava se tínhamos encontrado bestas com aparência humana"...

Contudo, indo além do choque inicial, é preciso que nos perguntemos: por que, afinal, esses jovens não conseguem identificar os povos indígenas como culturas humanas? Mais ainda, por que o alemão é humano, o argentino é humano, o japonês é humano, e o índio não? Tenho refletido sobre esse problema há alguns anos e creio que possa avançar algumas hipóteses, embora, certamente, nenhuma resposta.

Inicialmente, devemos indagar através de que meios esses jovens entraram em contato com o tema. As respostas são óbvias: a escola e os meios de comunicação de massa. Trata-se então de analisar que imagens e discursos são articulados em torno da figura do índio nesses dois ambientes.

Primeiramente, o indígena é sempre exótico, uma figura definida a partir de seus traços mais pitorescos e chamativos: ele anda nu, usa pinturas corporais, ornamentação com plumagens etc. Mais ainda, no primeiro seguimento do ensino fundamental o aluno periodicamente (no dia do índio) se metamorfoseia, usando artefatos bizarros como cocares de cartolina e plumagem sintética (de preferência em cores muito naturais, como rosa-choque ou verde-limão...) e os famigerados colares feitos de macarrão; eis o pequenino bisonhamente transformado em uma figura indígena carnavalesca. Mas o pior disso tudo é que ele não sabe (e provavelmente nem seus professores) que aquela é uma figura caricata de índio. Se os verdadeiros andassem assim, nem eu os acharia humanos...

Dessa maneira, o índio é uma figura esquisita, definida por seus caracteres mais superficiais. Não à toa as pessoas esperam ver o indígena sempre dessa forma, caso contrário não é um verdadeiro indígena. Índio não pode usar roupas, relógio, ser vacinado, dirigir trator, falar ao celular, caçar com rifle, porque as pessoas esperam vê-lo nu, pintado, emplumado, caçando com arco e flecha em punho. Afinal, por que ninguém raciocina: "esse japonês usa jeans, logo não pode ser japonês"? Ou "esse japonês fabrica video-games, logo não pode ser japonês"? Ora, porque a cultura japonesa é vista como muito mais que andar de quimono ou manipular uma katana, enquanto no imaginário coletivo as culturas indígenas são apenas um conjunto de hábitos superficiais e exteriores, e não constituídas por um sofisticado pensamento cosmológico, línguas complexas, formas particulares de expressão artística, diferentes modos de organização social ou divisão do trabalho etc.

Por outro lado, a figura do índio é sempre usada como instrumento de uma polarização moralista perversa. Boa parte do discurso articulado em torno das culturas indígenas está mais preocupado em defini-las como uma espécie de cultura anti-ocidental que em conhecê-las realmente em suas particularidades. Não é incomum se ouvir afirmações do gênero "os índios não são gananciosos como nós", "os índios vivem em igualdade" ou "os índios respeitam a natureza". Curiosamente, essas noções nunca se acompanham de detalhes concretos, digamos "etnográficos", são apenas ideias vazias que se sustentam por si mesmas no vácuo, porque, no final das contas, essa "cultura indígena" prescinde da realidade, esse "índio" é apenas uma imagem construída como oposto do "homem branco".

Por fim, nesse imaginário coletivo, o índio é sempre uma vítima da crueldade do homem branco. Nessa lógica, os povos indígenas são sempre pacientes, nunca agentes. É uma visão, até mesmo histórica, onde não há realmente conflito, apenas submissão. A luta entre o indígena e o "colonizador" é um embate assimétrico, "covarde", onde o índio não teria nenhuma chance, devido às epidemias trazidas pelos europeus ou à superioridade das armas de fogo (absolutamente questionável; segundo alguns cálculos, no séc. XVI, enquanto uma arma europeia era lentamente carregada e preparada para o disparo, um índio poderia lançar cerca de doze flechas contra seu inimigo). A dignidade e bravura da resistência indígena são então escamoteadas por um discurso que reduz o índio ao mero papel de vítima.

Ante esse panorama, não espanta que meus alunos (e, certamente, muitos, muitos outros...) creiam que o índio não tem humanidade. Afinal, a figura do indígena é sempre representada desprovida dos traços que nos tornam mais profundamente humanos: iniciativa para enfrentar os desafios da vida, profundidade de pensamentos e sentimentos, muitas vezes conflitantes, expressões complexas de convívio social.

Resta agora discutir o que devemos fazer quanto a essa situação em sala de aula, mas isso fica para outra ocasião....

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Perfil - Victor Hugo

Todos conhecem Victor Hugo, especialmente através de suas mais célebres obras, "Os miseráveis" e "Notre Dame de Paris" (mais conhecida como "O Corcunda de Notre Dame"). Contudo, menos famosas são as profundas relações entre o autor e a História.

De fato, a História ocupa importante papel na estética e na formulação das obras de Hugo, apaixonado adorador de Clio. Para se ter uma ideia, quando viajava, um de seus principais passatempos era percorrer ruínas de castelos pelos campos, muitas vezes sozinho. Ele podia passar um dia inteiro fazendo isso, como mostram seus biógrafos. Uma de suas mais belas peças, "Os Burgraves" nasceu justamente de passeios como esse que empreendeu em sua viagem pelo Reno: a história se passa em um  castelo, mais especificamente um dos castelos em ruínas que explorou.

Da mesma forma, era assíduo frequentador de arquivos e bibliotecas, onde passava muito tempo compulsando material para suas obras. O trabalho de elaboração de "Notre Dame de Paris" é significativo: o escritor pesquisou inúmeras fontes arquivísticas para ressuscitar a Paris do outono medieval. Aliás, é importante salientar que praticamente todos os personagens do romance existiram de verdade, uma vez que Hugo tirou seus nomes, ocupações e laços de parentesco das contas do prebostado de Paris (espécie de prefeitura da época). Apesar disso, suas respectivas personalidades foram inteiramente criadas pelo autor.

A temática histórica perpassa boa parte de sua obra, e seria impossível enumerar todos os casos. Dignas de destaque são as peças "Hernani" e "Ruy Blas", passadas na Espanha dos séculos XVI e XVII, constituindo uma espécie de "bilogia", examinando a ascensão e a decadência da casa dos Habsburgo espanhóis, sob a perspectiva de dois homens do povo, Hernani e Ruy Blas.

Também é interessante o belíssimo romance "Quatre-vingt-treize", ou "Noventa e três", que aborda o crucial ano de 1793, onde a Revolução Francesa atingiu seu ápice de popularização, culminando no Terror. A narrativa é centrada em três marcantes personagens, apaixonados por seus ideais: Cimourdain, padre extremista, entusiasta revolucionário; o marquês de Lantenac, implacável líder reacionário e o jovem militar Gauvain, oriundo da nobreza, porém defensor da Revolução. Cuidadosamente pesquisado, o livro é um verdadeiro compêndio sobre a Revolução Francesa.

Por fim, é impossível ignorar "A lenda dos séculos", a mais longa antologia poética do autor, onde aborda toda a trajetória humana, desde as origens míticas até o século XIX (e o futuro), propondo instigantes reflexões sobre o homem e a sua caminhada.

Concluindo, Victor Hugo é leitura obrigatória para todo historiador!

Leituras - "A Escrita: memória dos homens", de Georges Jean

Um dos livros mais interessantes que li em 2010, presenteado por minha esposa. A obra trata do desenvolvimento da escrita em suas mais diversas formas e aspectos, desde o surgimento das primeiras expressões gráficas humanas até os dias atuais.

Uma das características mais interessantes do livro é sua rica abordagem da, digamos, concretude da escrita, ou seja, dos diversos suportes e instrumentos usados ao longo dos séculos para escrever (pedra, argila, papiro, pergaminho, papel; pincéis, estiletes, cálamos, plumas, canetas, prensas tipográficas, entre muitos outros) e, mais importante, discute como esse aspecto físico da escrita influenciou o desenvolvimento de seu conteúdo e suas possibilidades e modos de circulação e difusão.

Além disso, a obra discute de modo instigante os significados sociais da escrita e seus agentes em cada época e lugar: o que é ser um escriba na Mesopotâmia ou um copista medieval? Um cidadão alfabetizado no Império Romano e na sociedade atual? Também é interessantíssimo o último capítulo do livro, que aborda a decifração das escritas antigas, como o célebre caso de Champollion e da escrita hieroglífica, entre outros.

Deve-se destacar também que a obra é ricamente ilustrada, tornando sua leitura uma experiência visual única. O autor é linguista e semiologista. Recomendo fortemente a leitura por sua rica abordagem sobre a escrita, levando-nos a refletir sobre esse fenômeno sócio-cultural e perceber dimensões inesperadas no ato tão simples de escrever.

O livro faz parte da coleção "Descobertas Objetiva", versão brasileira da excelente "Découvertes Gallimard". Segue uma "degustação" das imagens do livro:

Placa de argila com escrita cuneiforme (Mesopotâmia)

Instrumentos de escrita (Egito)

Estatueta de homem escrevendo (Grécia)

Preparo do couro de carneiro para transformação em pergaminho (Idade Média; ilustração posterior)

Oficina tipográfica (século XVII)